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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PEDRO CESARINO

(  Brasil  -  SÃO PAULO  )

 

Pedro de Niemeyer Cesarino é graduado em filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre e doutor em antropologia social pelo Museu Nacional/ UFRJ.  Desenvolve pesquisas em etnologia indígena, com ênfase em estudos sobre xamanismo, cosmologia, tradições orais, tradução e antropologia da arte. Realizou um pós-doutorado Departamento de Letras da Universidade de São Paulo (2008-2010). Foi Professor-Adjunto de Antropologia da Arte no Departamento de História da Arte da Universidade Federal de São Paulo. Atualmente, é professor do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, na área de pesquisa Antropologia das Formas Expressivas. É pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios (CESTA/USP).

Informações coletadas do Lattes em 2023

 

 

ANTOLOGÍA DE POESÍA BRASILEÑA.  Edición de JAIME B. ROSA.  Organización Floriano Martins y José Geraldo Neres.  Muestra gráfica y portada Hélio Rôla.         Madrid, España: Huerga & Fierro Editores, 2006.  ISBN S84-8374-620-4      253 p.     13,5 X 21,5 cm. 
Ex. bibl. Antonio Miranda

                                         TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 PASSAGEIRO QUE LAMENTA

Passageiro que lamenta o céu,
não conheces ainda o mais grave espanto.
O que sabes dos confins desta rocha,
se nem bem transitas e já reclamas do vento
que atormenta tua dança de dor e chuva
Passageiro que despertas aí no alto,
mais alta é a vertigem que te leva,
mais algo é o medo que te acolhe,
mais leve é a vida que te cria e depois te esquece
emaranhado nas linha do azul.
Passageiro, passa o mar para os cantos do mundo,
Passam estradas delirantes a cada instante
Passam pessoas e aos poucos passa
O amanhecer e suas luzes.


OS NOMES

Se chamo a árvore de “espelho”,
o faço não por capricho, mas por reconhecer nos galhos
certos traços meus que em algum momento
se misturaram à trama das coisas.

Se chamo o céu de “elefante absurdo”
é porque não o consigo abarcar
com nenhum imagem melhor.

Ele escapa por todos os lados feito água arredia,
que aliás eu trato por “cristal”, o que é um paradoxo,
pois as pedras são essência irremovível,
enquanto a água, tal como o céu, escorre
inevitavelmente pelas bordas do mundo.

Mas chamo-a assim pois é na realidade
à substância do olho que me refiro:
esse prisma de carne
banhado pelo líquido de luz.

Se chamo a noite de “pássaro”
é porque não há pássaros na noite,
a não ser por alguns solitários
voando anônimos no escuro.

Os pássaros eu não trato por nenhum
outro nome, a não ser “pássaros”.
Daquilo que voa, o que falar?
Como chamar?

A noite possuí porém diversos nomes.
Veículo. Lagarto comprido.
Lanterna. Círculo. Coração de bromélia.
Fogo invisível.

São como roupas que a alma veste
para depois se esquecer de que vestiu.
Não um disfarce, pois não há sob as camadas
Nada além de mais camadas.

A madrugada eu definitivamente
trato por “garota com seu conjunto
de lápis-de-cor se equilibrando
pelas linhas dos ladrilhos”,

mas poderia também char de “melancia”,
se o que importa são as cores que escorrem
pela garganta, até criarem no ventre o espaço
de um salão infindável..

O nome do dia é “óleo de girassol”
— não o sujo, guardado embaixo da pia,
mas aquele ainda virgem do supermercado:
a matéria transparente da complexa culinária
de todos os sentidos.

 Também trato o dia por “balão”, pois é gordo,
mas leve, sempre correndo o risco de se incendiar,
pela proximidade excessiva da fonte de todo o calor.

O nome do sol não me foi permitido revelar,
embora esteja presente em cada letras
e combinação de todos os alfabetos possíveis.

Mesmo quando ocultado pela lua, cujo nome
— não porque redonda, caso contrário
também assim o sol se chamaria,
mas simplesmente porque há nela
um lado sempre oculto,

 tal como o olho, cujo outro lado é
a noite, ou o canto da alma
onde nascem as coisas indefinidas.


TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 PASAJERO TRISTE

 Pasajero que lamenta el cielo,
no conoces todavía el más grave espanto.
¿Qué sabes de los confines de esta roca,
Si apenas pasas y ya reclamas al viento
que atormenta tu danza de dolor y lluvia?
Pasajero que despierta en lo alto,
más alto es el vértigo que te conduce,
más alto es el miedo que te recibe,
más leve es la vida que te cría y después te olvida
enmarañado en las líneas del azul.
Pasajero, atraviesa el mar para los cantos del mundo.
Pasan entradas delirantes  a cada instante,
pasan personas y pasa también
el amanecer y sus luces.


 LOS
NOMBRES

 Si llamo al árbol de “espejo”,
no lo hago por capricho, sino por reconocer en las tramas
algunos trazos míos que en algún momento
 mezclan con la trama de las cosas.

Si llamo el cielo “elefante absurdo”
es porque no consigo definirlo
con ninguna imagen mejor.

Él escapa por todos los lados convertido en agua cercana,
que además de eso llamo “cristal”, lo que es una paradoja,
pues las piedras son esencia irremovible,
mientras el agua, como el cielo, se escurre
inevitablemente por los bordes del mundo.

La llamo así pues es en realidad,
la sustancia del ojo que me refiero:
 ese objeto de carne
bañado por el líquido de luz.

Si llamo a la noche “pájaro”
es porque no hay pájaros en la noche,
a no ser por algunos, solitarios,
que vuelan desconocidos en la oscuridad.

A los pájaros yo no los trato con ningún
otro nombre, a nos ser “pájaros”.
Aquello que vuela, ¿cómo nombrarlo?
¿Cómo se podría llamar?

Sin embargo la noche tiene diversos nombres.
Vehículo. Lagarto comprimido.
Lanterna. Círculo. Corazón de bromélia.
Fuego invisible.

Son como ropas que el alma viste
Y después olvida que la vistió.
No es un disfraz, pues no hay bajo las frazadas
nada más que frazadas.

A la madrugada, yo definitivamente
la trato con “chiquilla con su conjunto
de lápiz de color que se equilibra
por las líneas de los ladrillos”

Podría también llamarla “sandía”
si lo que importa son los colores que se escurren
por la garganta, hasta crear en el vientre el espacio
de un salón infinito.

El nombre del día es “aceite de girasol”
no el sucio, guardado debajo de la pila,
sino aquel todavía virgen del supermercado:
la materia transparente de un complejo culinario
de todos los sentidos.

También trato el día como “balón”, pues es gordo,
pero leve, siempre corriendo el riesgo de incendiarse
por la proximidad excesiva de la fuente de todo el calor

No me fue permitido revelar, el nombre del sol,
sin embargo está presente en cada letra
y combinación de todos los alfabetos posibles.

Lo mismo cuando lo oculta la luna, cuyo nombre es
[“esfera”
— no porque sea redonda, al contrario,
así se llamaría también el sol,
pero simplemente la llamo así porque hay en ella
un lado siempre oculto,

tal como el ojo, cuyo otro lado es
la noche, o el canto del alma
donde nacen las cosas indefinida.

(Trad. Tomás Saraví y Alfonso Peña)
 
*

Página publicada em abril de 2023


 

 

 
 
 
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